História do Preparo de Solo na Bracell BA


Por: Por Ricardo Previdente Martins (Bracell) e Jacyr Alves Mesquita (Bracell)

Na Bahia, o setor florestal apresenta grande importância social, econômica e ambiental para o Estado. Atualmente são 444 mil hectares de florestas plantadas e 324 mil hectares em preservação de vegetação nativa, considerando as três principais empresas de base florestal do estado (Bracell, 2020; Suzano, 2020; Veracel, 2020). Os relatórios de sustentabilidade destas empresas informam a geração de mais de 3.540 empregos diretos e 8.340 indiretos.

O desenvolvimento do setor florestal baiano apresenta estreita relação com a potencialização dos ganhos genéticos em função da melhoria contínua nas práticas de manejo de solo. A Bracell tem especial participação na evolução destas técnicas na região dos Tabuleiros Costeiros da Bahia. No início da década de 80 do século passado, a produtividade das plantações florestais era tão baixa que a viabilidade da silvicultura na região chegou a ser questionada.

Uma das causas dessa baixa produtividade era a existência de solos coesos, com camadas subsuperficiais com impedimento físico dos tipos fragipã e duripã, que obstruíam o desenvolvimento radicular em profundidade. Com isso, nos períodos secos, a reserva de água no solo era pequena, insuficiente para manter o crescimento das árvores (Figura 1).

De forma pioneira, entre as décadas 80 e 90, o problema foi contornado pelas equipes de Luis Lopes Mendo, da área de Mecanização, e Ernesto Sacchi Pessotti, da área de Solos e Nutrição Florestal. Eles desenvolveram um subsolador robusto, capaz de desadensar o solo e romper as camadas de impedimento físico às raízes até 1,2 m de profundidade.

No decorrer do tempo, constatou-se que a subsolagem profunda tinha alta influência no crescimento das árvores. Assim, a técnica foi rapidamente aprimorada, pela definição da umidade ideal de preparo e da seção de solo desadensada necessária a cada tipo de solo, e pela inclusão de acessórios no subsolador (asa de andorinha, corrente, grade), com as funções de aumentar as ações desagregadora e destorroadora do implemento.

Atualmente, há novos desafios relativos à prática de preparo de solo, no sentido de otimizar o uso da frota de máquinas frente a expansão de área plantada e de uma janela de plantio estreita, determinada pela alta sazonalidade climática da região.

Uma solução criativa foi proposta por um colaborador da Bracell, Dilson Ramalho Lima, que é a subsolagem profunda sob adequadas condições de umidade, antes da colheita florestal (Figura 2). Esta prática possibilita o aumento da área preparada e diminui o custo operacional, porque, com adequada umidade, a demanda de potência de tração é menor. Para prevenir danos físicos ao solo, esta prática é planejada por uma equipe multidisciplinar, com técnicos dos setores de planejamento, silvicultura, colheita e P&D. Normalmente, uma medida preventiva eficaz é a realização da colheita no período mais seco. Especial atenção é tomada durante o baldeio da madeira, por meio do monitoramento da densidade do solo.

Assim, com intensa integração profissional e respeito à sociedade e à natureza, a Bracell vem viabilizando uma silvicultura sustentável em uma região com altas limitações edafoclimáticas. Com forte determinação, um dos principais objetivos é conservar um de seus recursos naturais mais preciosos: o solo.


Figura 1 – Desenvolvimento de povoamentos de eucalipto em talhões com e sem
camada de impedimento físico radicular no solo.



Figura 2 - Subsolagem pré-corte.

05/12/2020